CAPÍTULO 3
A FÁBRICA
No
início da tarde, aproveitando que a neve caía com certa força, Tom e Harry
utilizaram uma das passagens secretas e saíram um pouco ao norte dos limites de
Hogsmeade. E para o norte os dois continuaram a seguir, pela orla da Floresta
proibida. Os conjuntos de neve camuflavam-nos perfeitamente em meio à neve. Em
certo ponto do caminho...
_Acho
melhor entrarmos um pouco mais na floresta, Harry.
_De
acordo, Tom. _ disse Harry _ Essa estrada parece ser utilizada por veículos
pesados e onde há veículos...
_...
Certamente há patrulhas. _ completou Tom _ Além disso, precisamos de um ponto
que nos dê boa visibilidade do local. Creio que aquela colina servirá.
Os
dois subiram até quase o topo da colina e montaram um pequeno abrigo entre as
árvores. Com efeito, a visibilidade era bastante boa, eles conseguiam ver as
instalações, sob pesada segurança, um complexo com alojamentos, refeitórios e
três estruturas enormes, parecendo hangares, uma delas com chaminés e outra
junto ao sopé da montanha, tudo ocupando um vale, ampliado por máquinas
pesadas.
_Malditos.
Estragaram a paisagem de um lugar praticamente sagrado e com que finalidade?
Que tipo de armas estarão fabricando lá? _ perguntou Tom, observando o complexo
com o binóculo Zeiss, capturado de um Nazista.
_Tentaremos
descobrir quando anoitecer, Tom. Acho que poderemos entrar lá disfarçados de
soldados Nazistas. Como você está com as memórias e poderes de Voldemort, acho
que ficará fácil.
_Mas
há um obstáculo, pelo que vejo. _ disse Tom _ Olhe para aquela antena
giratória.
_Estou
vendo. _ disse Harry, olhando pelo binóculo _ É alguma espécie de radar?
_Não.
É um Sensor de Atividade Mágica.
_???
_Um
aparelho que detecta a presença e o uso de varinhas não-autorizadas, dentro de
um certo raio de alcance.
_E
será que estamos dentro do alcance, Tom? Não sei de nada sobre isso, porque
esses sensores não existem na minha realidade.
_Acho
que teremos de arriscar. _ disse Tom, sacando a varinha e apontando-a para um
galho caído no chão, fazendo-o levitar _ “Wingardium leviosa”. A antena está
apontando para cá?
_Não,
Tom. _ disse Harry _ Continua girando, normalmente.
_Ótimo.
Poderemos realizar a Transfiguração com tranquilidade. Vamos descobrir o padrão
das patrulhas e ver o melhor momento de entrar lá. _ disse Tom, retornando para
o abrigo, abrindo uma barra de chocolate e dividindo-a com Harry _ Aliás, acho
que é bom termos esse tempo para conversar, sem compromisso algum com Ordem da
Fênix ou Ordem das Trevas, Harry Potter.
_É
a sua Persona que está se manifestando, Voldemort? _ perguntou Harry.
_Sim.
Como somos a mesma pessoa, basta pedir licença, quando quero me manifestar.
Como eu dizia, há coisas que quero lhe perguntar. Você pretende me matar quando
retornarmos à nossa realidade?
_Querendo
ou não, acho que não terei outra alternativa, Voldemort. A profecia de Sibila
Trelawney era clara, somente um de nós deverá sobreviver. A ideia de matar me
repugna, mas o desfecho terá de ser esse. Além disso, você matou muita gente
boa e outros nem tanto, mas que não mereciam morrer. Meus pais, Cedric,
Wormtail, Burbage, Snape, Bathilda Bagshot, e muitos outros. Nunca pensou que
poderia seguir outro caminho?
_Às
vezes sim, Harry Potter. Mas quase sempre concluo que minha trilha teria de ser
esta que abracei. Como você sabe, sou descendente direto de Salazar Slytherin,
pelo lado materno, os Gaunt. Tomei para mim a missão de restabelecer a grandeza
da Bruxidade, através das artes das Trevas, para que não precisássemos mais nos
esconder dos trouxas, assumindo nosso lugar de direito, acima deles.
_Mas
por que essa aversão aos trouxas?_ perguntou Harry.
_Sempre
os considerei preconceituosos e decadentes, capazes de voltar a nos queimar em
fogueiras, se soubessem que ainda há bruxos no mundo, a começar pelo meu pai.
Bem, é certo que minha mãe, Merope Gaunt, forçou ao mantê-lo sob efeito de Amortentia,
mas quando o efeito passou depois que ela parou de dá-la, ele deveria ter ao
menos dado alguma satisfação a ela e não abandoná-la sem dizer nada. Com isso,
eu a perdi, uma hora depois de ter nascido e vivi por anos naquele orfanato,
até que fui entrevistado por Dumbledore.
_Você
foi maltratado no orfanato, Voldemort? _ perguntou Harry.
_Não,
Harry Potter. As preceptoras eram severas, mas não maltratavam ninguém. A Sra.
Cole, nossa Diretora, era até bastante compreensiva, considerando que meu
comportamento era meio... anti-social, às vezes.
_Como
assim?
_Por
vezes, eu acabava extravasando minha raiva através de algum surto de maldade,
assustando colegas e fazendo-os sofrer. Mas depois eu me arrependia e acabava
me retratando. Também havia Martha, a funcionária que cuidou de nós quando
houve um surto de varicela. Acho que a raiva era devido à rejeição por parte de
meu pai. Embora eu ache que alguém como você, que foi amado por seus pais, não
conheceu essa mágoa.
_É
aí que você se engana, Voldemort. _ disse Harry, com amargura _ Minhas
lembranças de uma família feliz são poucas e vagas, resumindo-se a pouco mais
de um ano, antes de você matar meus pais. Depois que fui deixado com os
Dursley, vivi dez anos de inferno e houve momentos nos quais cheguei até a
pensar que não valia a pena seguir em frente.
_E
o que foi que fez com que você se mantivesse firme?
_Acho
que no fundo eu sabia que algo de diferente ia acontecer comigo, só não sabia o
que seria. Não odeio os Dursley, mas não morro de amores por eles. Me
aceitaram, ainda que a contragosto e fazendo questão de deixar bem claro que eu
não era bem-vindo. Pelo menos serviu para selar o Feitiço de Proteção.
_É,
parece que me enganei. Você já teve sua parcela de sofrimento e ela não foi
pequena.
_Mas
depois que Hagrid apareceu e me levou para Hogwarts, tudo melhorou e os meses
de férias em Little Whinging ficaram menos penosos, pois eu sabia que haveria
um novo ano letivo junto à Bruxidade.
_Todos
nós acabamos sofrendo perdas, Harry Potter. E eu também acabei perdendo pessoas
importantes, inclusive no orfanato.
_Trouxas?
Então você não os desprezava?
_Nem
todos, Harry Potter, nem todos. Bem, eu sempre considerei os trouxas, em sua
quase totalidade, criaturas preconceituosas e com mente fechada que, se
soubessem que ainda existem bruxos de verdade no mundo, não pensariam duas
vezes antes de reativar o Tribunal do Santo Ofício e nos mandar para as
fogueiras, como eu já lhe disse. Mas sempre existiram exceções e grande parte
delas era do orfanato. William Stubbs, por exemplo. Depois de uma discussão,
acabei enforcando o coelho dele e deixando-o dependurado em uma viga. Ele nunca
soube que fui eu, mas antes de vir para Hogwarts dei a ele um outro coelho
branco e pedi desculpas por todas as brigas. Dennis Bishop e Amy Benson, eu os
assustei seriamente, levando-os àquela caverna no litoral.
_Lá
onde você escondeu a Horcrux do medalhão de Slytherin?
_Lá
mesmo. Também pedi desculpas a eles por tudo pelo que os fiz passar. E Amy
Benson era ainda mais especial. Acho que ela gostava de mim, sei lá. Eu gostava
dela, mas nunca tive coragem para dizer. E depois que vim para Hogwarts foi
ainda pior.
_Por
quê? _ perguntou Harry, curioso.
_Ela
morreu, quando eu estava no segundo ano. Difteria, foi o que ela teve, tanto na
nossa realidade quanto nesta. Nunca pude dizer o quanto gostava dela e aquilo
só aumentou meu desejo de me preservar da morte o mais que eu pudesse.
_Voldemort,
minha pergunta pode ser meio indiscreta, mas de onde vem essa obsessão por
imortalidade?
_É
meio indiscreta, mas creio que seja importante demais para ficar sem uma
resposta adequada. _ disse Voldemort _ Acho que, no fundo, sempre tive receio,
para não dizer medo da morte, Harry Potter. Eu sempre a considerei algo
indigno, desonroso, mesmo sabendo que ela é inevitável. Por isso sempre
procurei por métodos para me preservar dela.
_As Horcruxes.
_Sim, Harry Potter. As
Horcruxes, para me preservar da morte e a Varinha das Varinhas, para consolidar
meu poder.
_Será
que não foi porque a morte sempre se apresentou a você de forma abrupta e
dolorosa, privando-o do convívio de pessoas que você estimava?
_Talvez,
Harry Potter. Com as Horcruxes, consegui driblar a Dama da Foice até agora,
mas vocês destruíram todas, inclusive Nagini. O jovem Neville Longbottom
encarregou-se de cuidar disso.
_Falando
em Neville, o perfil dele também se encaixava na profecia de Sibila Trelawney.
Dumbledore chegou a me dizer a razão de você ter escolhido a mim em vez dele,
mas o que você me diz?
_Digamos
que eu me vi um pouco em você, Harry Potter, devido à nossa origem mestiça. O
jovem Neville tem origem puro-sangue e, embora seus pais tenham sido excelentes
Aurores e inimigos perigosos dos Death Eaters, julguei que o casal que eu
deveria perseguir seriam os Potter. E vejo que não me enganei, o jovem Neville
é um tipo mais tranqüilo e teórico, enquanto você sempre me pareceu ser uma
pessoa de ação. Depois, comecei a concentrar meus esforços na busca da Varinha
das Varinhas, a única das Relíquias da Morte que me interessava, até descobrir
que ela estava em poder de Dumbledore.
_Então
você tomou conhecimento do “Conto dos Três Irmãos”?
_Quem
na Bruxidade não conheceu, em algum momento de sua vida, o livro dos “Contos
de Beedle, o Bardo”? _ perguntou Voldemort _ Eu o li quando era aluno
e, através de pesquisas, confirmei que as Relíquias da Morte eram reais. A
Pedra da Ressurreição, a Capa de Invisibilidade Original e a Varinha das
Varinhas. Das três, somente a última me interessava. Não queria contactar
ninguém do outro lado, exceto talvez Amy Benson, para me despedir adequadamente
e também Bellatrix, que foi morta por Molly Weasley, durante a batalha de
Hogwarts. portanto a Pedra da Ressurreição não tinha utilidade para mim (“Alguma coisa me diz que havia algo bem
profundo entre esses dois”, pensou Harry). Eu teria muito trabalho para
localizar a Capa Original e não tinha muito tempo, além de que ela não teria
grande utilidade para mim. Portanto, as Horcruxes me bastavam e eu só queria o
poder da Varinha das Varinhas, que tirei das mãos do cadáver de Dumbledore.
_Então
você nem se preocupou em procurar pelas outras. E se eu lhe disser que você
teve uma delas nas mãos e fez uma Horcrux dela?
_Como
é? _ Voldemort estava curioso _ Não me diga que...
_...
A pedra de ônix do anel de seu avô. Ela era a Pedra da Ressurreição e custou a
vida de Dumbledore.
_
Ele tentou utilizá-la ou destruí-la sem tomar precauções? _ perguntou
Voldemort.
_Sim.
E a maldição que você colocou na pedra acabou por atingi-lo. Snape bloqueou
temporariamente a deterioração, mas disse que ele não resistiria por mais de
cerca de um ano.
_Então
ele morreria de qualquer forma, mesmo que Snape não o tivesse eliminado com a Avada
Kedavra. _ disse Voldemort.
_Sim.
Dumbledore já estava condenado. Não precisava matar Snape.
_Precisava
sim, Harry Potter. _ disse Voldemort _ Era fundamental para que eu assumisse a
Varinha das Varinhas. E quanto à Capa de Invisibilidade Original nunca mais se
soube dela, parece que está perdida para sempre. E como você sabe da Pedra?
_Eu
a utilizei, na noite em que você me atingiu com uma Avada Kedavra. Fiz contato
com meus pais, Sirius e Lupin. Teria conversado também com Tonks, Cedric, Fred,
Moody e outros, mas não havia tempo. A pedra ficou na Floresta Proibida, sei lá
onde. E a Capa não está perdida para sempre, Voldemort. _ disse Harry _ As
Relíquias da Morte, à exceção da Varinha das Varinhas, que sempre mudou de mãos
de forma violenta, foram passando de pai para filho, até seus detentores
atuais.
_Então
você quer dizer que os três bruxos do conto eram...
_Antiochus,
Cadmus e Ignotus Peverell. O sobrenome se perdeu quando começaram a nascer
somente mulheres e elas, ao se casarem, assumiam o sobrenome dos maridos. A
Capa de Invisibilidade Original também está nas mãos do último descendente de
Ignotus Peverell.
_E
você sabe quem é ele? _ perguntou Voldemort, curioso.
_Sim,
sei. Eu sou o atual usuário da capa. Uma descendente de Ignotus Peverell
casou-se com um Potter e ela ficou na família. Ele estudou o seu funcionamento
e conseguiu reproduzir o encanto, quase com a mesma eficácia da original.
_Sim,
a patente das melhores Capas de Invisibilidade está em sua família e isso é até
meio irônico. _ disse Voldemort, dando uma pequena risada _ Acho que você já
percebeu, não é?
_Percebi.
Os Peverell têm parentesco com os Gaunt. _ disse Harry, também rindo um pouco _
Imagine, Lord Voldemort e Harry Potter, inimigos mortais e parentes distantes.
_As
patrulhas passam em intervalos de 55 minutos. _ disse Voldemort, consultando
seu relógio, após vigiar a estrada com o binóculo _ Creio que podemos nos
transfigurar e ir para lá. “Vera verto militaria Germanica, duo”.
No
instante seguinte, as figuras de Harry Potter e Tom/Voldemort deram lugar a
dois jovens soldados da Wehrmacht, com uniformes de inverno
e submetralhadoras MP-40 a tiracolo. Deixaram as varinhas guardadas no bivaque,
pois elas poderiam ser detectadas pelo Sensor de Atividade Mágica e
dirigiram-se à orla da floresta. Quando a patrulha alemã acabou de passar, juntaram-se
a ela e adentraram o complexo fabril, passando pelas guaritas da entrada. Em um
ponto do terreno, separaram-se do restante da patrulha e ocultaram-se nas
sombras dos barracões.
_Qual
dos galpões investigaremos primeiro? _ perguntou Harry.
_Creio
que seria melhor irmos primeiro ao das chaminés, pois parece ser uma fábrica. _
disse Tom, enquanto um homem de jaleco branco entrava em um dos outros galpões,
que parecia ser um laboratório.
_Viu
quem eram aqueles caras? _ perguntou Harry, vendo outro homem entrar.
_Não,
Harry. _ disse Tom, agora com sua própria Persona dominando.
_Eram
Kurt Diebner e Otto Hahn, dois físicos alemães.
_Cientistas
do Reich?
_ perguntou Tom.
_Sim.
Muitos cientistas se recusaram a participar dos projetos Nazistas e fugiram
para os EUA, assim como Einstein, Bethe, Franck e outros, embora grande parte
deles tenha trabalhado no projeto atômico americano. Mas outros trabalharam
para o Reich, tais como aqueles dois e mais Heisenberg, Weizsäcker,
von Laue, Wirtz e outros mais. Acho que o que está acontecendo por aqui é coisa
muito grande, Tom. E a fábrica poderá nos dar muitas respostas.
_Como
é que você sabe de tudo isso, Harry? _ perguntou Tom.
_Documentários
do Discovery
Channel, History Channel e National Geographic. Para mim isso é
passado, embora nesta realidade esteja ocorrendo mais precocemente do que na
minha. E isso me assusta, porque pode representar uma cartada secreta de
Hitler, que poderia virar a maré novamente a favor dos Nazistas.
_Como
assim? _ perguntou Tom.
_As
peças desse quebra-cabeças estão se juntando e mostrando uma figura que não me
agrada nem um pouco. Se eles estiverem adiantados nas pesquisas atômicas, os
EUA e o mundo todo correm um grande perigo. Em minha realidade, os americanos
chegaram na frente e o resultado foi devastador para o Japão.
_Armas
carregadas com elementos radioativos? Os mesmos que Madame Curie pesquisava? _
perguntou Tom.
_Semelhantes
e muito mais potentes. Bombas potentes e com resultados terríveis, tanto
imediatos quanto a médio e longo prazo. Mais tarde lhe conto com detalhes,
agora vamos entrar na fábrica.
Quando
os dois saíram das sombras, uma voz ríspida em Alemão fez com que parassem e
eles chegaram a pensar que tudo estava perdido.
_Achtung, ihr zwei! Was machst du da, durch
Zufall? Komm sofort hierher
(“Atenção, vocês dois! O que estão
fazendo aí, à toa? Venham aqui, imediatamente”)!
_Jawohl, Herr Unteroffizer. Was willst du
(“Sim senhor, Sargento. O que deseja”)? _ respondeu Tom, em um Alemão
perfeito.
_Nicht
nur dort stehen, stärkt die Wache am Werk (“Não fiquem aí parados, vão reforçar a guarda à fábrica”)!
_ disse o Sargento, entregando abafadores de som aos dois.
Os
dois jovens pegaram os abafadores e dirigiram-se ao galpão da fábrica.
_Era
exatamente onde queríamos ir. _ comentou Harry.
_Um
golpe de sorte, Harry. _ concordou Tom.
No
interior da fábrica, que contava com Feitiços de Ampliação interna para ser
maior do que parecia de fora, o barulho era intenso, realmente obrigando a usar
os abafadores. Como nada era ouvido do lado de fora, os dois presumiram que as
paredes provavelmente tinham um feitiço que proporcionava isolamento acústico.
Uma linha de produção exibia chapas estampadas e em outra parte havia várias
turbinas a jato.
_Turbinas
a jato em escala industrial, já em 1943? _ perguntou Harry para si mesmo, em
voz baixa.
_O
quê? _ perguntou Tom.
_Os
alemães começaram a pesquisar e desenvolver propulsão a jato para seus aviões
desde o começo da guerra, mas o primeiro que chegou a entrar em ação foi o Messerschmitt
ME-262 e ele só começou a voar em 1944 ou seja, no ano que vem desta
realidade. Ainda assim há algo que não se encaixa.
_E
eu acho que sei de algo, Harry Potter. _ a Persona de Voldemort voltou a tomar
a frente _ Quando eu era estudante, protagonizei involuntariamente um episódio
que, creio eu, deve ter contribuído para o esforço de guerra britânico.
_Vindo
de você isso soa meio estranho, Voldemort. _ disse Harry.
_Já
lhe disse que sou um bruxo das Trevas e assassino, mas sou um bruxo das Trevas e
assassino inglês, Harry Potter. _ disse Voldemort, com um ar orgulhoso
no rosto, olhando para Harry _ Gosto do meu país e qualquer coisa que eu
pudesse fazer para atrapalhar os Nazistas seria um ato patriótico e também
contribuiria para meus próprios planos de aumentar meu poder. Eu estava em
Londres, durante as férias do quinto para o sexto ano e, na rua, um trouxa que
parecia estar correndo de alguém, acabou trombando comigo e ambos caímos. Na
hora não percebi que ele havia colocado algo no bolso do meu paletó, mas
estranhei que ele foi interceptado por dois sujeitos em uma outra esquina e
entrou com eles em um carro preto. No orfanato ao colocar a mão no bolso, senti
um pequeno volume e vi que era uma caixinha. Eu ia jogá-la fora, mas vi que
havia o símbolo do III Reich. Percebi que a tal caixinha devia ser algo que o
trouxa havia roubado dos Nazistas e, para que não caísse nas mãos deles, deixou
com o primeiro cidadão britânico que pôde.
_Interessante.
E o que era? _ perguntou Harry, curioso.
_Abri
a caixinha e vi que havia uma pequena bobina de celulóide, algo que eu já havia
visto de relance, na Biblioteca Pública de Londres.
_Um
microfilme? _ perguntou Harry.
_Isso
mesmo. _ disse Voldemort _ E fui para lá, a fim de matar a curiosidade quanto
ao seu conteúdo. Ao ver do que se tratava, concluí que era perigoso demais para
ficar comigo e muito importante para ser simplesmente destruído ou jogado fora.
_E
o que foi que você fez, Voldemort? _ perguntou Harry.
_O
que qualquer súdito da Coroa Britânica faria. _ respondeu ele _ Entreguei o
microfilme ao SIS. Mas eu precisava fazê-lo de modo que não pensassem que era
alguma manobra de espionagem Nazista.
_Como
foi que você conseguiu? _ Harry estava curioso com aquele lado de Voldemort,
totalmente desconhecido da Bruxidade.
_Naquela
época, eu já sabia como neutralizar temporariamente o Traço, então podia
executar magia por um tempo limitado, mesmo sendo menor de idade. Me
transfigurei e fiquei com a aparência de um Major do Exército. Forjei
credenciais extremamente confiáveis e fui ao QG da MI6 que, na época, era no
Nº 54 da Broadway.
_Perto
da estação de metrô do St. James’s Park. _ disse Harry.
_Exatamente, Harry Potter. _
disse Voldemort _ Por sorte a Bruxidade como um todo resolveu ficar neutra,
somente alguns se engajaram individualmente. Então as minhas credenciais
forjadas com magia funcionaram perfeitamente e minha história de que o
microfilme havia sido colocado no bolso de um garoto e ele me entregou foi
convincente. Eles já estavam esperando por aquilo, o tal cara era um dissidente
Nazista e o microfilme seria o preço de seu asilo e proteção. Só que a Gestapo
havia chegado antes.
_Os
tais caras do carro preto? _ perguntou Harry.
_Os
próprios. Vi o conteúdo do microfilme com o pessoal do SIS. Tratava-se de
propulsão a jato para novos tipos de aviões de caça e bombardeiros. Eles me
agradeceram e afirmaram que aquilo seria bem útil, tanto que a Inglaterra teve
caças a jato operacionais, que chegaram a cumprir missões no final da guerra.
_Os
Gloster
Meteor, eu sei. _ disse Harry.
_Já
vi que você gosta de aviação militar, Harry Potter. Não é comum para bruxos.
_A
gente tem de ter um passatempo para desviar as tensões, creio que você também
deve ter algum.
_Pode
ser. _ disse Voldemort _ Vamos manter isso entre nós, Harry Potter.
_Por
mim tudo bem, Voldemort. Mas por que?
_Digamos
que não pegaria bem para a reputação do Lorde das Trevas se soubessem que ele
fez algo para ajudar trouxas.
_Eu
acho que não tem nada de mais, Voldemort. Pelo que você me disse, mesmo os
Death Eaters não iam com a cara dos Nazistas e, tecnicamente, naquela época
você ainda não era o Lorde das Trevas. Mas, se você quiser, guardarei segredo.
_Obrigado,
Harry Potter. Você disse que o primeiro caça a jato operacional da Luftwaffe
foi o Messerschmitt ME-262, o “Andorinha”. Eu já vi fotos dele e
percebi que embora essas turbinas que estão aqui não sejam diferentes das
deles, a estamparia das chapas não confere com a sua fuselagem, parece ser para
outro tipo de aeronave. Eu estou com um mau pressentimento.
_Eu
também, Voldemort. Acho que seria bom darmos uma olhada nos outros dois
galpões. Qual deles primeiro?
_Que
tal aquele no sopé da montanha, Harry Potter? _ perguntou Voldemort.
_De
acordo. _ respondeu Harry _ Ele se parece com um hangar, vamos ver que tipo de
aeronave está sendo fabricada aqui.
Saíram
da fábrica e entraram no outro galpão, que realmente era um hangar e também
contava com Feitiços de Ampliação Interna. Havia um enorme portão de correr na
parede que limitava com a encosta da montanha e o interior do hangar era
ocupado por quatro aeronaves diferentes de qualquer avião convencional. Com uma
envergadura de 17 metros e um comprimento de quase 7,5 metros, dava a impressão
de que o engenheiro havia se esquecido de projetar a fuselagem, dedicando-se
somente às asas. Eram assustadoramente belos e elegantes, com seus canhões e
com os cabides prontos para receberem as devastadoras bombas. A aparência era a
de quatro mariposas ou quatro arraias verdes lado a lado no imenso hangar.
_Isto
não está certo, Voldemort. _ disse Harry _ Esses caças ainda não deveriam estar
operacionais, pelo menos por mais um ou dois anos.
_Tem
razão, Harry Potter. _ concordou Voldemort _ Ainda seria muito cedo para que
isso fosse uma realidade, mas nossos sentidos não nos enganam. Os Nazistas têm
uma carta na manga e é um Ás de Espadas, a carta da morte.
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