segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

CAPÍTULO 2

TORTA DE CHOCOLATE E CONFIDÊNCIAS






Sentando-se na cama e sentindo seu corpo gelado, por causa da transpiração, Harry notou um fato inusitado: sua cicatriz não estava doendo, nem mesmo ardendo, como seria de se esperar em caso de um perigo próximo, advindo de Lord Voldemort.
_ “Estranho” _ pensou. _ “Além de detalhado, pareceu tão real”. _ Tudo no sonho conferia com os acontecimentos recentes, exceto pelo fato de que seu aniversário havia sido no dia anterior, Hermione não lhe emprestara livro algum e, obviamente graças a Deus, não houvera ataque algum por parte de Lord Voldemort. Os tios já haviam voltado da viagem e, na noite seguinte, ele seguiria para a propriedade dos Weasley, A Toca, onde passaria as últimas semanas de férias e depois seguiriam todos para Londres, a fim de irem ao Beco Diagonal e, depois, para Hogwarts.
Trocou o pijama molhado de suor por um seco e colocou os óculos, a fim de conferir a hora: eram 01:25h da madrugada. Tentava lembrar-se, sem sucesso, das palavras que havia dito em sonho, aquele mantra _ “E eu não sei quase nada do idioma sânscrito”. _ Sentindo-se com sede, desceu à cozinha, procurando fazer o maior silêncio, ouvindo os tios ressonando no quarto ao lado. Chegando à cozinha, viu uma silhueta em frente à geladeira: Duda estava em pleno ato de cortar uma avantajada fatia de torta de chocolate.
_ “Ei, Duda”. _ sussurrou Harry. _ “Metade disso aí já vai satisfazê-lo e não vai prejudicar a dieta”.
_Está bem, Harry. Pega um prato e ataca metade.
Enquanto saboreavam a excelente torta de chocolate da Tia Petúnia, Duda perguntou:
_Então, você está indo amanhã à noite?
_Estou. Ainda tenho de comprar o meu material em Londres. Duda, já reparou que esta é a primeira vez na vida em que estamos conversando sem hostilidades ou gozações um com o outro?
_É verdade. Acontece que antes eu não entendia. Julgava você esquisito e até mesmo um pouco maluco, quando na verdade você apenas é...diferente. E descobri que mamãe sente falta de Tia Lílian. Ela apenas finge que não gosta dela.
_Você disse o nome de minha mãe! É a primeira vez que alguém diz o nome dela aqui.
_Mamãe nos proibiu de dizer o nome de Tia Lílian e Tio Tiago. Acho que ela pensa que, fingindo que não existem, pode diminuir a dor pela falta deles. Aliás, nem sei como eles eram. Mamãe não deixa à mostra nenhuma foto deles. Uma vez, quando você estava em Hogwarts...
_Você também diz o nome de minha escola! Tio Valter evitava qualquer referência a Hogwarts aqui em casa.
_Como eu dizia, eu a surpreendi no seu quarto, chorando e abraçando uma foto que, eu acho, é deles. Ela tranca o seu quarto quando você vai e só abre para limpa-lo e quando você volta. Quando ela me viu, trancou a porta e eu não vi mais nada.
_Vamos até lá que eu mostro as fotos que tenho deles. Só não se espante, pois são fotos bruxas. As pessoas retratadas se movem.
Terminaram de comer, lavaram os pratos e, em silêncio, subiram ao quarto de Harry. Chegando lá ele mostrou a foto de seus pais, que tinha na mesa de cabeceira.
_Como ela era linda, Harry! E como você é parecido com seu pai.
_Veja esta, de quando começaram a namorar, no sétimo ano.
_Nossa, parece até que é você na foto com ela.
_Todos dizem que eu sou a imagem dele, exceto nos olhos.
_Esses dois aqui são seus amigos, Hermione e Rony, não são?
Sim. Rony você já conhece, bem como dois de seus irmãos, Fred e Jorge.
_E você acha que eu consigo esquecer daquele maldito caramelo incha-língua? Se não fosse pelo pai deles...
_É que naquela época você era um pouco... intolerante.
_Preconceituoso, é melhor dizer.
_Quando foi que você mudou sua visão dos bruxos?
_Acho que foi desde que você me salvou daqueles dois... como é o nome, dementadores, eu acho. Aquelas criaturas que podem arrancar a alma das pessoas.
_Primeiro você pensou que eu o havia enfeitiçado.
_É. Depois eu descobri que, se não fosse por você, eu estaria pior do que se estivesse morto. Por que estão acontecendo essas coisas, Harry?
_Não sei até onde posso te contar, Duda, por causa do Estatuto de Sigilo em Magia. O que posso dizer é que um dos mais perversos bruxos das Trevas voltou e vai iniciar uma guerra contra os bruxos do bem. E os trouxas estão bem no meio dela.
_Quem era o tal Cedric, de quem você falava em sonhos no ano passado?
_Era um colega que foi assassinado na minha frente, por ordens de Voldemort, só porque não era necessário aos planos dele.
_O cara é tão mau assim?
_Pior do que você possa imaginar. O único a quem ele teme é Dumbledore.
_Dumbledore deve ser um grande bruxo.
_O maior dos bruxos ainda vivos. Sem contar que é alguém em quem não se pode deixar de confiar. Já combateu contra outros bruxos das Trevas, especialmente um tal de Grindelwald, em 1945. Parece que Voldemort fez parte de uma facção dissidente do seu grupo, algum tempo depois do fim da Segunda Guerra Mundial.
_Nunca tomamos conhecimento disso.
_Os bruxos sempre conseguiram manter os acontecimentos em segredo. Mas parece que Grindelwald tinha aliados mesmo entre os trouxas. Hitler era um deles, tanto que o apelido de Grindelwald era “A Varinha do Reich”.
_Então se os nazistas tivessem vencido... _ comentou Duda.
_O Partido das Trevas dominaria o mundo, junto com o Eixo.
_Veja, aqui tem uma foto de Dumbledore. É idoso, mas transmite uma energia.
_Esta foi na Final do Torneio de Quadribol, quando eu estava no terceiro ano. Foi no ano em que ganhei a Firebolt.
_Sua vassoura nova? Notei mesmo que chegou aqui com uma vassoura diferente naquele ano.
_Ganhei de Sirius, meu...
_Ei, cara, o que foi?
_D-desculpe. É que Sirius Black, meu padrinho, foi morto em um combate contra bruxos das Trevas, há algumas semanas atrás.
_Morto? Seu padrinho, aquele que era procurado?
_Sim. Na verdade era inocente, mas agora isso não importa. Não gosto muito de falar nisso.
_Tudo bem. É melhor não me dizer mais nada, ou pode acabar revelando algo que não deve. Naquele ano você fez a Tia Guida virar um balão.
_Foi totalmente sem querer. Chamamos isso de emissão mágica involuntária.
_Igual ao pudim no ano anterior?
_Não, aquilo foi obra de um elfo doméstico chamado Dobby. Depois eu o libertei e ele se tornou um grande amigo. Veja, é ele nesta foto.
_Que esquisito. Estão sob sigilo?
_Sim. Normalmente não freqüentam residências trouxas.
_Tome cuidado para não revelar nada sigiloso.
_Tem razão. Mas sobre nosso dia-a-dia não há problema.
_E o que vocês fazem lá?
_É uma escola como as antigas escolas tradicionais, com alunos quarteados em Casas, matérias, deveres, provas, etc, meio parecido com Eton. A diferença é que as matérias são relacionadas com magia: Transfiguração, História da Magia, Defesa Contra as Artes das Trevas e outras mais, além dos jogos de Quadribol.
_Como se joga isso?
_São sete jogadores em cada time, sendo um goleiro, que defende o gol, formado por três aros a quinze metros de altura, três artilheiros, dois batedores e um apanhador. Joga-se com quatro bolas: uma vermelha, a goles, que é usada para marcar os gols; dois balaços, bolas animadas que tentam derrubar os jogadores e devem ser rebatidas pelos batedores e uma bolinha dourada com asas, do tamanho de uma noz, chamada pomo de ouro, que dá cento e cinqüenta pontos ao time e decide a partida. Minha função como apanhador é localiza-la e capturá-la.
_É essa aqui na sua mão, nessa foto?
_Exatamente. Graças a um colega fanático por fotografia, Colin Creevey, eu tenho uma boa quantidade de fotos.
_E essa aqui, com um olhar que parece aço?
_Minerva McGonnagall, professora de Transfiguração. É durona, severa ao extremo, mas muito justa e honesta.
_E esse aqui de preto?
_Severo Snape. Ensina Poções. Vive me sacaneando desde o primeiro ano. Tinha uma rixa com meu pai, nos tempos de estudante e parece que nunca superou totalmente. Eu o detestava, mas acho que agora entendo seus motivos.
_Como assim?
_Descobri, não posso dizer como, que ele era muito sacaneado quando aluno, não só por meu pai, mas principalmente por ele e sua turma: Sirius, Lupin e Pettigrew, conhecidos como “Os Marotos”.
_Quem é o tal Pettigrew?
_Esse baixinho sentado entre meus pais, nessa foto. Pensavam que era amigo deles, mas foi esse filho de uma harpia que os traiu. Revelou o esconderijo deles a Voldemort, que os matou em casa.
_E você? Ele não tentou te matar?
_Tentou, mas como minha mãe morreu me defendendo, isso me deu uma proteção que voltou o feitiço contra ele.
_E você ganhou esse “mimo” na testa.
_Já me salvou a vida várias vezes. Ela me avisa quando há perigo por parte de Voldemort.
_Deve ser difícil só de falar disso...
_É. Mas eu acho que preciso exorcizar alguns fantasmas do passado. Parece estranho, mas me sinto melhor falar, principalmente com você.
_Por que?
_Nós dois passamos a maior parte das nossas vidas quase que nos devorando um ao outro. Você por que tinha preconceito contra os bruxos, não queria nem saber nada sobre nosso mundo, onde há gente boa e gente ruim, tal como entre os trouxas. E eu, pelo meu lado, sentia inveja dos seus privilégios, presentes, do amor que seus pais sentiam e sentem por você. No começo até que meio pelos presentes, mas depois eu descobri que existe mais do que o material. Tio Valter e Tia Petúnia demonstram afeto de uma maneira meio errada, lhe enchendo de presentes e fazendo todas as suas vontades, mas é como eles sabem expressar o quanto gostam de você. O problema é que, quando criança, você foi ficando mimado e arrogante, mas vejo que está amadurecendo cada vez mais.
_E não estamos todos? Fico surpreso por que você não ficou um cara revoltado, mesmo após quinze anos de humilhações e hostilidades, muitas delas de minha parte.
_Acho que, no fundo, eu sempre soube que algo de diferente ia acontecer comigo. Só não sabia o que.
_E agora?
_Acredite, descobrir que sou bruxo mudou minha visão sobre muitas coisas mas, principalmente, me faz acreditar que pode haver uma convivência harmoniosa entre bruxos e trouxas. Existem pessoas que não acreditam nisso e outras, como Voldemort, que acham que os trouxas deveriam sumir da face da Terra. Bruxos das Trevas são todos puro-sangue mas, ironicamente, Voldemort é mestiço.
_Então como esse ódio todo?
_Ele teve um pai detestável, que abandonou a esposa quando soube que era bruxa. Ela morreu logo após o parto e ele cresceu em um orfanato, odiando o pai. Um dia, matou o pai e os avós paternos com uma maldição, a mesma com que tentou me matar.
_E ele chama os mestiços e trouxas de “sangue-ruim”. Com tudo isso, quem tem um sangue para lá de podre é ele.
_É verdade. Pena não saber até onde posso lhe contar, pois a História Bruxa é muito interessante. Vou procurar ver com Dumbledore ou com outro bruxo adulto, para saber quais os limites do conhecimento bruxo para os trouxas, especialmente os parentes.
_Olhe aqui. Quem é o cara que está disputando o pomo com você nessa foto?
_Nossa, eu nem vi que Colin havia tirado essa. Foi no segundo ano, primeiro jogo da temporada, no qual cheguei a quebrar o braço e depois, por causa de um feitiço malfeito de um bruxo incompetente, perdi todos os ossos dele, tendo que ficar na ala hospitalar por uma noite inteira, para recuperá-los. Grifinória versus Sonserina. Esse aí é Draco Malfoy. Por alguma razão resolveu me odiar desde o primeiro ano. O pai dele está em Azkaban e, sem remorso, fico contente em ter ajudado a colocá-lo lá.
_Como assim?
_Lucius Malfoy tem, para o mundo, uma imagem respeitável. Embora ele odeie os trouxas, descobri que mantém, como fachada, uma empresa trouxa de importação e exportação. É tido como mais um milionário excêntrico, pois nunca aparece. Sua família é muito antiga e rica. Ao que parece, sempre foram do lado das Trevas e, segundo informações, do primeiro escalão de Voldemort.
_Gente perigosa...
_E como. Mas Draco nunca conseguiu ganhar uma de mim.
_Já está ficando tarde...
_É mesmo. De dia eu lhe conto mais.
_Valeu, Harry. Acho que agora, conhecendo um pouco mais do seu mundo, posso até ajudar meus pais a diminuírem o preconceito deles. Boa noite, primo.
_Boa noite, primo.
Meio surpreso, porém muito contente por terem, em uma noite, trocado mais confidências do que em uma vida inteira, Harry beijou a foto de seus pais, que lhe mandaram beijos de volta, tirou os óculos, apagou o abajur e desabou na cama, sonhando que estava no Três Vassouras com Hermione e os Weasley, tomando cerveja amanteigada, rindo e conversando, quando de repente, viu-se acompanhado por apenas um Weasley, mas não sabia dizer qual era, pois não podia ver seu rosto, somente os cabelos ruivos cor de cobre e uma frase no livro que estava nas suas mãos: “Quase sempre o mais importante está à nossa vista e, justamente por isso, não nos damos conta, até ser tarde demais”.
Então, sem mais sonhos, mergulhou em um sono profundo e reconfortante, como não acontecia há muito tempo.

No dia seguinte, Harry levantou-se cedo e fez sua higiene matinal. Resolveu vestir uma das roupas de corrida novas e calçar o Nike Shox, para experimentá-lo, bem como também pegou os óculos de sol e o cinto, com a garrafa e o discman. Desceu para o desjejum e, na cozinha, encontrou-se com Tia Petúnia.
_Equipamento completo hoje, hein?
_É verdade. Deu vontade de experimentar alguns dos presentes que ganhei do pessoal bruxo.
_Olhando assim nem parece. Qualquer um que olhar pensaria que é uma pessoa normal... desculpe. Velhos hábitos são difíceis de abandonar. Como eu dizia, pensaria que é um trouxa se exercitando.
_Eles compraram os presentes em lojas trouxas e os “melhoraram” com uns feiticinhos.
_Ainda estou tendo dificuldade para digerir tudo isso. Acredita que aquela garota que muda a aparência...
_Tonks.
_Isso mesmo. Nymphadora Tonks. Nome estranho, mas tem uma sonoridade até bonita.
_Ela detesta o primeiro nome.
_Bem, ela ficou com a aparência da Rainha Elizabeth II, de uma forma tão perfeita que eu quase me ajoelhei e a chamei de Majestade.
_Ela é perfeita nisso. É muito bom para o seu trabalho de Auror.
_???
_Uma espécie de agente de elite do Ministério da Magia, um tipo de 007 bruxa.
_Vocês têm isso?
_Sim. Os bruxos são bem organizados. Ora, aí está você, Duda. Tome seu café e vamos ver se hoje completamos uns 10 Km.
_Vamos nessa.
Terminaram o café da manhã, aqueceram-se e saíram para correr. Harry tentou identificar Tonks entre as várias pessoas que faziam o mesmo trajeto, mas não conseguiu. Voltou meio frustrado, mas contente por terem feito o percurso de 10 Km em um bom tempo. Fizeram uma sessão de musculação, alongaram-se e foram para os banhos. Na hora do almoço, Tio Valter perguntou a Harry:
_Como você vai fazer para ir à casa dos Weasley? Eles moram em... onde é mesmo a fazenda deles?
_Fica em Ottery St. Catchpole.
_Mas isso é bem longe de Little Whinging. Nem sei se há linhas regulares para lá.
_Vou de ônibus. Há um ônibus bruxo que vai a qualquer lugar da Grã-Bretanha. É só chamar que ele vem.
Vendo que os tios começavam a fazer aquelas caras já bem conhecidas, Harry logo tratou de acalma-los:
_Calma. Não há perigo de o ônibus ser visto, apesar dele ser roxo e ter três andares (Harry não conseguia deixar de sentir um certo prazer em ver os tios assustados com coisas do mundo bruxo. As caras deles dariam uma bela foto, se Colin estivesse ali). Eu vou pegar o ônibus à noite, ele não é muito visível, mesmo sendo tão espalhafatoso e não vou chama-lo aqui e sim no Largo das Magnólias, que sempre está vazio à noite (segurou o riso ao ver como os tios iam ficando mais aliviados).
No decorrer da tarde, foi à casa da Sra. Figg, que ficou muito contente em vê-lo, antes que fosse para A Toca.
_Harry, querido. Que bom ver você.
_Boa tarde, Sra. Figg. Ainda com raiva do Dunga?
_Aquele pilantra do Mundungus Fletcher... Ainda não consigo engolir aquela mancada dele, no ano passado.
_Acho que as coisas acabaram tendo o desfecho que deviam, exceto pela morte de Sirius. Não é justo (algumas lágrimas desceram pelo rosto de Harry). Não me sai da cabeça que ainda não era a hora dele. É como se algo ocorresse desequilibrando a corrente do tempo.
_Calma, Harry. Sei que foi brutal, mas você vai ter de aceitar.
_Talvez com o tempo, Sra.Figg, mas eu continuo achando que ainda não era a hora dele.
_Todos achamos que ainda não é a hora, querido, mas destino é destino.
_Não acredito, pelo menos não completamente em destino, porque não gosto da idéia de não ter o controle da minha vida. Acho que nem tudo é predeterminado e que, em momentos importantes da nossa existência, é o nosso arbítrio que conta.
_Nossa, parece que você andou assistindo “Matrix”.
_Sim. E acho muito interessante essa questão que ele levanta.
_Você está filosófico e profundo demais para um adolescente.
_Creio que ver a morte de perto, seja a minha ou a dos outros, deixa a gente assim, pensando no quanto a vida é frágil. Sei que devo enfrentar Voldemort, mas não posso deixar de viver. Tenho dezesseis anos e ainda tenho muito que fazer, para o bem de todos, inclusive o meu próprio.
_Isso mesmo, Harry. Pense no futuro, mas não se esqueça de viver o presente.
_Parece até Dumbledore falando.
_Este foi um conselho que ele me deu.
_Está tendo sorte com o tal curso Feiticexpresso?
_Estou, Harry. Já consigo executar os feitiços simples e já vou para o módulo dos intermediários.
_Já vi que só mesmo para o Filch é que o curso não deu certo.
Rindo, a Sra. Figg disse:
_Acho que ele consegue ser mais incompetente do que eu jamais fui. Dumbledore tem um grande coração. Manteve Filch como zelador da escola.
_Algum valor aquele ranzinza deve ter.
_Veio para fazer contato com A Toca?
_Também. A verdade é que com a senhora eu me sinto mais próximo do mundo dos bruxos.
_Mas seus tios o estão tratando melhor.
_É verdade. Primeiro foi por medo, depois porque não podiam lutar contra e agora eles até estão se dando bem com os bruxos.
_Lupin e Tonks são ótimos. Deveriam ser diplomatas. Venha até a lareira e pegue um pouco de pó de Flu.
Harry apanhou um bom punhado de pó e atirou na lareira, dizendo claramente: “A Toca!” Imediatamente as chamas verde-esmeralda se levantaram e Harry pôs a cabeça na lareira. Sentiu sua cabeça girar e projetar-se, parando na lareira da família que mais adorava. Deu de cara com Gina:
_Harry, que bom te ver. Mamãe, Harry na lareira!
Imediatamente Molly Weasley foi para a frente da lareira e abriu um sorriso:
_Harry, querido. Já está com tudo pronto?
_Sim, Sra. Weasley. Hoje à noite estarei chegando no Nôitibus.
_Ainda não entendo por que você não vem com pó de Flu.
_Da última vez que usei pó de Flu para ir ao Beco Diagonal, na semana passada, fiquei por dois dias que parecia ter labirintite. Decididamente, não é o meu transporte mágico preferido, embora o Nôitibus também seja uma aventura daquelas.
_Daqui a pouco Hermione vai chegar. Ela parece tolerar o Flu melhor do que você. Estamos aguardando ansiosamente sua chegada.
_Como está o pessoal, Rony, os gêmeos, Gui, Per... parou no meio da frase, pensando: “Que rateada! Percy está brigado com a família”.
Vendo a expressão de Harry, a Sra. Weasley riu e disse:
_Não se preocupe, querido. Você não cometeu nenhuma gafe. Percy esteve aqui há umas duas semanas e reconciliou-se com Arthur e com toda a família. Nem ligou quando Fred e Jorge lhe pregaram uma peça com um Creme de Canário.
_Deve ter ficado uma figura.
Naquele instante, Rony chegou:
_Harry, como vai, cara. Estamos à sua espera.
_Já falei com sua mãe. Estarei chegando hoje à noite, no Nôitibus.
_Isso é que é gostar de sofrer. Existem maneiras melhores de viajar.
_O problema é que eu ainda não superei minha tontura com o pó de Flu. Mesmo só com a cabeça, já sei que vou ficar meio abobado por uma ou duas horas. É melhor ir. A gente se vê à noite. Até lá.
_Até a noite, Harry.
Naquela tarde, quase na hora de Harry sair, Tio Valter chamou-o num canto e disse:
_Harry, o que vou contar agora eu jamais revelei, nem mesmo para sua tia.
_O que é?
_Eu conheci seu pai, antes de ele se casar com sua mãe. Na época eu estava noivo de Petúnia e, por coincidência, ambos estávamos vindo pedir a mão das irmãs em casamento. Eu já sabia que sua mãe era bruxa, mas ainda não havia visto o noivo dela. Vínhamos pela mesma rua e começamos a conversar:

FLASHBACK
_Então você está indo à residência dos Evans?
_Sim. Sou noivo de uma das filhas deles.
_Qual delas?
_Lílian, aquele anjo de cabelos acaju.
_Então você deve ser Tiago Potter.
_Sim, mas como você sabe?
_Sou o noivo da irmã dela, Petúnia.
_Você é Valter Dursley.
_Exatamente. Ouvi dizer que você é bruxo.
_Por favor, Valter, não use esse tom para se referir a nós. Não somos monstros nem aberrações. Apenas nascemos diferentes, com poderes que temos de aprender a controlar, por isso freqüentamos as escolas de magia, para utilizarmos nossas capacidades com responsabilidade e para o bem. Bruxos maus existem, assim como também existem trouxas maus. Graças a Deus que eles são uma minoria.
_E quanto a você?
_Pelo meu lado, odeio as artes das Trevas, a Magia Negra, com todas as minhas forças. Lílian também. Nós sempre estaremos do lado de Dumbledore.
_Quem é esse?
_Alvo Percival Wulfric Brian Dumbledore é o Diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e um dos maiores defensores do uso da magia para o bem e pela harmonia entre bruxos e trouxas.
_Trouxas?
_É como chamamos as pessoas não-mágicas.
_Chamando assim vai ser difícil essa harmonia...
_A expressão é tão antiga que ninguém sabe como começou.
_Como você se sente encarando o preconceito?
_Procuramos não dar muito na vista, pois a maior parte dos bruxos não sabe se comportar muito bem com as coisas dos trouxas. Um simples eletrodoméstico é uma coisa de outro mundo para nós.
_Ouvindo você falar assim soa meio engraçado.
_Mas eu acredito que haverá harmonia entre bruxos e trouxas, quando ambos os povos esquecerem os seus preconceitos e se aceitarem como são.
_Não gosto de bruxos, Tiago, mas também não gosto de conflitos. Espero que você esteja certo.

FIM DO FLASHBACK

_Então o senhor e meu pai tiveram essa conversa?
_Sim. Na época eu não compreendi muito bem, mas agora, conhecendo alguns dos seus amigos, eu começo a entender o que ele queria dizer. Harry, vou procurar ser menos intolerante, mas vai ser meio difícil digerir muitos deles.
_Eu entendo o que o senhor quer dizer. Alguns realmente são bem extravagantes, até mesmo para os padrões bruxos. Mas, com o tempo, o senhor se acostuma. Quem sabe até lhe seja permitido o acesso a lugares bruxos.
_Não exagere. E, após dizer isso, Tio Valter fez algo que Harry jamais o havia visto fazer para ele: piscou e sorriu.
_”E eu que achava que milagres não aconteciam com freqüência, _ pensou Harry. _ Se pessoas como os Dursley começam a aceitar os bruxos, a harmonia está mais próxima”.
Harry ajeitou a gaiola de Edwiges sobre o malão e já estava pronto para sair, quando Tio Valter perguntou:
_Como você vai levar tudo isso?
_Com as rodinhas não fica pesado.
Duda então disse:
_Tudo bem, papai. Eu vou com ele.
Tio Valter começou a ficar com aquela cor que Harry conhecia muito bem, até que Duda:
_Papai, não fique assim. Temos de nos acostumar com tudo isso, lembra?
_Está bem, está bem. Só falta você, daqui a pouco, manifestar magia.
Harry então disse:
_Não se preocupe. Se ele não manifestou até os onze anos, não acontece mais. Estamos indo. Até o próximo verão e muito obrigado por estar revendo seus conceitos.
_Não abusa, moleque. Tio Valter riu e acenou, se despedindo.
Quase chegando ao parque da Rua das Magnólias, Harry comentou:
_Foi aqui que vi Sirius pela primeira vez, transformado em cachorro. Levei um baita susto.
_Naquela época você pensava que ele queria te matar, não é?
_É, mas tem mais alguém aqui. Alguém que conheceu Sirius mais do que eu.
_???
_Não está sentindo esse cheiro de fumo curtido e uísque? Nem debaixo de uma capa de invisibilidade dá para disfarçar. APARECE, DUNGA!
_Não tem mesmo jeito de te enganar não é, Harry? _ Disse uma voz atrás deles e, em seguida apareceu, saindo debaixo de uma capa de invisibilidade, o velho Mundungus Fletcher.
_Dunga, só estando com um resfriado de seburrelho para não te perceber.
_Você tem razão, eu conheci Sirius. E, quanto aos limites do sigilo, eu sei até onde posso contar ao seu primo. Vamos chamar o Nôitibus e depois eu acompanho o Duda de volta. _Dunga levantou o braço da varinha e, em um instante...
_BANG! Com um estalo, o Nôitibus aparatou em frente a eles. A porta se abriu e, de dentro saiu:
_Boa noite, este é o Nôitibus Andante, o transporte de emergência para bruxos...HARRY! Que legal te ver, cara.
_E aí, Lalau. Tudo bem?
_Tudo, cara. Vamos embarcar sua bagagem. Oi, Dunga. Quem é esse aí?
_Meu primo Duda. _ disse Harry.
_Trouxa? Ainda bem que é seu parente, senão teríamos que apagar a memória dele.
Harry embarcou no Nôitibus e se despediu de Duda e Dunga.
BANG! O Nôitibus desaparatou e sobraram os dois na calçada.
_Vamos, Duda. Eu te acompanho até sua casa. É mais seguro. Assim nenhum bruxo das Trevas vai te pegar.
_Como é?
_Para tentar ameaçar Harry através dos parentes. Bem, como eu dizia, conheci Sirius e os pais de Harry, desde a escola. Fomos contemporâneos em Hogwarts. Me lembro de uma vez...
E lá se foram os dois, Dunga contando, até onde podia, coisas do mundo dos bruxos e Duda, admirado não perdendo uma palavra.
Enquanto isso, o Nôitibus desaparatava e aparatava, seguidamente, em direção a Ottery St. Catchpole e à Toca.

domingo, 30 de janeiro de 2011

FANFICTIONS

Sabem, já faz muito tempo que não posto nada no blog. Acho que seria interessante, além de postar as Fics no Floreios & Borrões e no Nyah! Fanfiction, divulgá-las no meu próprio blog, sendo que vou passar a fazê-lo, a partir de agora. Portanto, vamos começar pela minha primeira Fic, iniciada em 2005, intitulada "Harry Potter e o Olho de Shiva". Nos sites de Fics ela está até quadrinizada (em andamento). Vamos a ela, então.



CAPÍTULO 1

DUELO NA MADRUGADA



Aquele verão, diferentemente do anterior, estava com uma temperatura amena, graças a um generoso período de chuvas, que havia proporcionado noites frescas e uma brisa agradável, o que permitia boas noites de sono. Talvez fosse por isso que na Rua dos Alfeneiros apenas um quarto se encontrasse com as luzes acesas, no segundo andar do número quatro.
Naquele quarto, um jovem encontrava-se sentado a uma escrivaninha onde concluía os deveres que haviam sido passados para as férias, no período letivo anterior. Colocou sua assinatura no final do trabalho, enrolou o pergaminho e limpou a pena de águia com a qual escrevia. Fechou o tinteiro e guardou-o em um estojo, juntamente com a pena.
A razão pela qual um jovem , em pleno século XXI, utilizava penas e pergaminhos é que a escola na qual ele iria iniciar o sexto ano era muito especial. Afinal de contas ninguém poderia esperar que fossem utilizados outros materiais na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Com um suspiro de alívio por haver terminado o último dos trabalhos, Harry Potter tirou os óculos, esfregou os olhos e espreguiçou-se. Recolocou-os e procurou um bastão de lacre para fechar o pergaminho. Aqueceu-o e deixou algumas gotas pingarem sobre o pergaminho, lacrando-o. Em seguida, com o lacre ainda quente, pressionou contra ele um anel que havia pertencido ao seu pai e que lhe havia sido dado por um dos seus melhores amigos de escola e que fora professor de Harry no terceiro ano, ensinando Defesa Contra as Artes das Trevas, Remus Lupin. Em seguida olhou o resultado: sobre a gota de lacre, identificava-se o brasão da Grifinória, a Casa de Harry na escola e, sob ele, o sobrenome “Potter”. Em seguida, virou a tampa do anel, ocultando o sinete e exibindo apenas o brasão da Grifinória.
O anel lhe havia sido dado pessoalmente por Lupin, no dia do seu aniversário. Harry ainda se lembrava da cara dos seus tios, quando Remus tocara a campainha. Ele imaginou que Tio Valter ficaria púrpura e Tia Petúnia empalideceria. Acontecera justamente o contrário. Tia Petúnia ficou parecendo um tomate e Tio Valter um boneco de neve. Ainda estava fresca na memória a cena na Estação de King’s Cross, quando seus tios levaram um belo susto de Olho-Tonto Moody. Desde então , os tios haviam passado a tiranizar menos o garoto, primeiramente por medo dos seus amigos bruxos e depois por chegarem à conclusão de que não havia o que fazer. Ao menos Lupin se vestira convincentemente como um trouxa e se mostrara uma pessoa agradável e educada, como sempre havia sido. Depois que ele foi embora, Tio Valter perguntou a Harry:
_Tem certeza de que esse cara é bruxo, Harry? Não parece nem um pouco!
_Claro que é, Tio Valter. Inclusive já foi meu professor (Harry convenientemente omitira o fato de Lupin ser um lobisomem. Seria informação suficiente para fazer o cérebro do tio entrar em curto). Por que, o senhor está começando a rever seus conceitos (Harry pensou: PREconceitos)?
_Não espere demais, moleque. Aquele cara do olho maluco ainda está entalado na minha garganta. Minha opinião sobre aquele monte de esquisitos não vai mudar tão facilmente.
_Mas o senhor vai ter de reconhecer que nem todos são como o senhor pensava.
_Não abuse do meu bom humor.
Ainda sorrindo pela lembrança, Harry continuou a guardar suas coisas no malão. Os pergaminhos foram para um estojo cilíndrico, para que não se amassassem. As roupas de trouxa e vestes de bruxo dividiam o espaço com algumas coisas que, a um primeiro olhar, poderiam parecer deslocadas. Equipamento para corrida. Mas como é que aquilo fazia parte de sua bagagem? Olhando para os tênis, calções, camisetas e outros objetos, a mente de Harry novamente viajou para o passado, quando eles recém haviam chegado da estação:
_Escute, moleque. _ dissera Tio Valter_ Aqueles esquisitos estavam falando sério?
_Pode ter certeza que sim, tio. Moody não estava brincando. Eles realmente querem que eu mantenha contato e que vocês parem de me tratar feito lixo só por que eu sou um...
_Não se atreva a dizer essa palavra. _ sibilou Tia Petúnia, de uma maneira que daria inveja em Lord Voldemort.
_Não pedi para ser bruxo. Nasci assim. É tão difícil aceitar alguém que é um pouco diferente?
_Chamar essa sua...anomalia de “ser um pouco diferente” é ser generoso demais.
_Isso não muda o fato de eu ser o que sou. Paciência, _ concluiu Harry. A partir daí, ninguém mais falou nada até que chegassem a Little Whinging, embora ele estivesse fervendo por dentro.
Chegando ao número quatro da Rua dos Alfeneiros, Harry descarregou sua bagagem, levou-a para o seu quarto e desceu para o quintal, ainda com uma cara capaz de espantar um dementador. Em um anexo que Tio Valter mandara construir, Duda se exercitava em um multibanco, fazendo puxadas dorsais. À chegada do primo, levantou-se e preparou-se para dizer algo de ofensivo, mas alguma coisa no olhar de Harry o fez achar que era melhor ficar quieto.
Sem dizer nada, Harry sentou-se ao banco e, com as mãos na barra, puxou levantando facilmente as oito placas com as quais Duda estava executando sua série. Duda arregalou os olhos e perguntou:
_Como é que você fez isso com esse físico de jogador de baralho? No mínimo deve estar usando magia!
_Cala a boca, QI de trasgo! Você está careca de saber que eu não posso usar magia fora da escola.
_Mas como é que pode? Tire a camisa que eu quero ver uma coisa.
Harry tirou a camisa .
_Agora, puxe de novo.
Harry puxou e, novamente, as placas do aparelho de musculação subiram com facilidade.
_Papai, venha ver, _ gritou Duda. _ Harry consegue puxar o mesmo que eu no aparelho!
Tio Valter chegou e viu Harry puxando facilmente aquele peso todo. De costas percebia-se uma musculatura bem definida no corpo esguio do sobrinho. Mal contendo seu espanto, perguntou:
_Você não está usando magia,ou está?
_Claro que não, Tio Valter. Duda já me perguntou a mesma coisa.
_Então como é possível que um palito como você consiga puxar uma carga dessas?
_Não sei, tio. Talvez seja o Quadribol.
_Aquele esporte maluco que você disse que pratica?
_Pode ser. Não parece, mas a gente usa bastante os braços e pernas para controlar uma vassoura.
Uma idéia começou a se formar na cabeça do Tio Valter e ele a expressou na mesma hora:
_Moleque, acho que você vai ter alguma utilidade neste verão.
_Como assim?
_Vai ser parceiro de musculação do Duda e sparring de boxe dele.
Harry arregalou os olhos e perguntou: “O quê”???
_Exatamente o que você ouviu. Prepare-se.
Mas já ia longe o tempo em que Harry era obrigado a aceitar as loucuras do tio:
_Parceiro de musculação, tudo bem. Sparring de boxe, nem pensar. Acho que os bruxos não iriam gostar nem um pouco de saber que passei todo o verão levando porradas de Duda.
Tio Valter caiu em si. O que ele menos queria era ter um monte de bruxos com raiva dele.
_Está bem, moleque. Duda está precisando correr e você seria a companhia perfeita.
_E com qual equipamento?
_Te vira. Peça ajuda aos bruxos. E afastou-se, dando risadas.
Duda perguntou:
_E agora, o que você vai fazer?
_Acho que exatamente o que o Tio Valter sugeriu.
_Cara, sem um equipamento decente você vai só se contundir, não que eu me importe muito, mas também não quero aqueles bruxos esquisitos entrando e saindo daqui, nos enfeitiçando por que você se machucou. Venha. Vou lhe mostrar um catálogo de equipamento esportivo que tenho por aqui. Está bem atualizado.
Consultando o livro, Duda mostrou os vários artigos:
_Veja, este é um Nike Shox 12 molas. Foi o que papai me deu no último Natal.
_Caramba! Tudo isso por um par de tênis!
Continuou consultando o catálogo e encontrou o que procurava:
_É este! Um Reebok Dynamic, solado Hexalite, por um preço bem mais razoável e com um bom amortecimento.
Escolheu o que precisava e anotou os valores. Duda completou:
_Sem música não dá. Use meu velho walkman.
_Por que? Não vai me dizer que ele está com defeito e vou ter de pagar pelo conserto?
_Não. Papai me deu um discman e o walkman não tem mais serventia para mim.
_Sabia que tanta generosidade não era à toa. Agora, com licença que vou fazer a encomenda.
Subiu para seu quarto, pegou uma pena, um pergaminho e começou:
“Caro Lupin, chegamos bem. A novidade é que Tio Valter quer que eu seja parceiro de exercícios do Duda e preciso de material adequado. A lista é a seguinte: (Harry relacionou o material, com os valores e a loja trouxa onde poderia encontrar tudo de uma só vez). Estou mandando Edwiges com a chave do meu cofre em Gringotes. Gostaria que você sacasse uma quantia e trocasse por dinheiro trouxa, pois acho que libras esterlinas seriam melhor aceitas do que galeões. Depois podem mandar o material pela Edwiges. Acho que estarei um pouco diferente quando nos encontrarmos novamente. Um grande abraço.
Harry
P.S. Por favor, não enfeiticem os tênis para aumentar a performance. Condicionamento deve ser adquirido da maneira trouxa, na raça”.
Colocou o pergaminho e a chave no estojo na perna de Edwiges e mandou-a ao encontro de Lupin.
_Encontre-o, por favor.
Naquela noite, acompanhada por outra coruja, Edwiges entregou o pacote, contendo tudo e mais alguma coisa, como explicava o bilhete que Lupin mandara em anexo:
“Caro Harry, encontrei tudo o que você me pediu. Coincidentemente, a loja estava em liqüidação e conseguimos um bom desconto, pois os artigos estavam em promoção. Tonks adorou algumas camisetas e bermudas.Sobrou um bom troco, o qual estou lhe mandando. É bom ter uma reserva de dinheiro trouxa para alguma necessidade.Além disso, já que você tem a pele clara, o funcionário da loja recomendou o uso de protetor solar fator 30. Estou mandando alguns frascos. Não vá usar esteróides (sei lá o que é isso, mas o funcionário recomendou). Creio que vamos vê-lo em boa forma. Ah, antes que eu me esqueça, não enfeiticei os tênis.”

Lupin

Satisfeito, Harry examinou as roupas de exercício e procurou ter uma boa noite de sono. O dia seguinte seria bem corrido...literalmente.
Antes de começar, Harry pensou que seria uma atividade cansativa e monótona, mas descobriu que gostava. Seu físico adequava-se perfeitamente à corrida, as fitas cassete de Techno que Duda lhe dera animavam e ajudavam a ritmar as passadas e, o que é melhor, aquilo o desestressava e o ajudava a lidar melhor com a tristeza e revolta pela perda de Sirius. Sem contar que ele era muito melhor do que Duda:
_H-Harry, vai um pouco mais devagar, cara!
_Se você deixasse de fumar, Duda, me alcançaria facilmente!
Com o passar das semanas, os dois primos adquiriam um condicionamento cada vez melhor, principalmente Harry, que não tinha tendência para engordar. Sem contar que, para sua surpresa, Duda e os tios começavam a respeitar seu desenvolvimento, em lugar de o invejar e criticar. E assim a vida foi ficando cada vez mais suportável com os Dursley.





Mas o que quase fez o queixo de Harry cair foi que os tios não se opuseram à presença de alguns dos seus amigos bruxos na Rua dos Alfeneiros, especialmente Lupin e Tonks, já que os dois sabiam se comportar como genuínos trouxas, sem chamar a atenção, especialmente Tonks. Com sua habilidade de mudar de aparência, primeiro chocou, depois despertou a curiosidade e, finalmente, divertiu Tia Petúnia. Já Remus Lupin possuía a capacidade de conversar sobre vários assuntos, inclusive os do interesse do Tio Valter, o qual viu que não conseguiria intimida-los, portanto achou melhor tolerar o casal de bruxos, descobrindo que não eram más pessoas.
Em uma visita, na qual entregou a Harry o anel de seu pai, Lupin disse ao Tio Valter:
_Sr. Dursley, sei que o senhor tem muitas reservas quanto a nós, mas preciso lhe dizer que, assim como entre os trouxas, existem boas e más pessoas também entre os bruxos. Para sua sorte, pertencemos ao primeiro grupo. Se nós fossemos do Partido das Trevas, os mesmos que mataram os pais de Harry, o senhor não teria tempo de sequer argumentar. Usamos a magia para facilitar nossas vidas, por isso freqüentamos Hogwarts, para aprendermos a desenvolver e controlar nossos poderes. Alguns se desencaminharam, mas a imensa maioria é de pessoas que só querem viver em paz, sem chamar mais atenção do que o necessário.
_Falando assim você quase me faz acreditar em fadas. Me prove.
_Acho que o senhor tem essa atitude por que tem medo do que não conhece. Mas saiba que muitos bruxos entre os puro-sangue, principalmente entre os bruxos das Trevas têm um enorme preconceito contra bruxos mestiços e contra trouxas.
Talvez, Sr. Lupin. Mas o senhor vai concordar que a opinião que os não-mágicos ou trouxas, como vocês nos chamam, têm de bruxos e bruxas não é das melhores.
_Justamente por causa dessa minoria de desencaminhados, bruxos maus. Vou lhe mostrar que a magia pode ser bem útil. Vejo que a Sra. Dursley está às voltas com a limpeza da cozinha. Nesse ritmo ela vai levar algumas horas. Mas, se o senhor me permitir...
_Vá em frente _ disse Tio Valter _ Petúnia, deixe o Sr. Lupin provar sua teoria.
_Obrigado, Sr Dursley. “Limpar”. _ disse Lupin com um movimento da varinha e, em um instante, a cozinha estava brilhando.
_Impressionante. Isso é o que vocês chamam de feitiços domésticos?
_Exatamente. Como o senhor sabe?
_A irmã de Petúnia certa vez executou um.
_Harry é um bom garoto, Sr. Dursley. E já passou por coisas nessa vida que muitos adultos jamais passarão. Escapou da morte pelo menos umas quatro vezes até agora. O pior bruxo das trevas é seu inimigo jurado. Perdeu os pais, o padrinho, viu um colega ser assassinado na sua frente, lutou de igual para igual com um dos homens mais perversos do mundo. Fui seu professor e amigo de seus pais na escola e, por isso, posso dizer que, se Tiago já era um cara ótimo, Harry é muito mais porque nele juntou-se o que havia de melhor dele e de Lílian. Já teve sua cota de desgraças e não precisa ser hostilizado por seus próprios parentes apenas por ter nascido diferente.
_Eu não imaginava que tivesse acontecido tudo isso.
_Acredite, um dia talvez ele acabe salvando as suas vidas.
Depois disso, a convivência ficou um pouco mais amistosa, embora a última experiência dos Dursley com feitiços em casa lhes houvesse explodido a sala. Era natural que estivessem com o pé atrás.
De volta ao presente, Harry concluiu que, se as coisas não estavam perfeitas, ao menos não estavam ruins. De repente, um bip do seu relógio o alertou. Era meia-noite. Havia acabado de completar dezesseis anos.
_“Se dependesse de uns que outros, não só esse aniversário, mas vários outros antes dele, sequer ocorreriam” _ pensou. Até o momento, já havia escapado da morte pelo menos umas quatro vezes, graças aos seus próprios esforços e à grande ajuda dos seus amigos.
_“Quem tem amigos, tem um verdadeiro tesouro” _ pensou ele, lembrando-se de Rony Weasley, o primeiro amigo que tivera na vida e Hermione Granger, aparentemente mandona e cheia de si, mas dona de um enorme coração. E ele sabia quem é que gostaria de conquistar ao menos um pedacinho dele.
Um farfalhar de asas tirou Harry de seus devaneios. Edwiges, sua coruja de estimação desde o primeiro ano, entrou com um pacote, da parte de Molly Weasley, a matriarca da família que ele amava como se fosse a sua própria. Abriu o pacote, que continha um conjunto de três camisetas regata em dri-fit, com diferentes padrões de vermelho e amarelo, com o brasão da Grifinória bordado no peito, além de três calções, um preto, um vermelho e um azul. Harry leu o cartão:
“Harry, feliz aniversário. Já que você está se dedicando a exercícios, julgamos apropriado que seus presentes deste ano fossem relacionados com a atividade. O material é tão bom que quase não precisou de feitiço algum. Apenas lancei um feitiço para eliminar mais facilmente o cheiro do suor e não desbotar as cores. Os brasões foram bordados a mão pela Gina, sem magia. Parabéns”.

Molly Weasley

Harry examinou o bordado e admirou-se da habilidade e do capricho da pequena Virginia Weasley, lembrando-se de tudo o que já haviam passado juntos. O basilisco, o combate contra os Death Eaters no Ministério da Magia e outras situações, nas quais a pequena ruiva esteve presente. Sempre ao seu lado, agora com aquela antiga paixão já superada, ele acreditava.
A coruja seguinte era Píchi, a pequena mascote de Rony. Para variar, esforçando-se com um pacote maior do que ela própria. Harry abriu e tirou de dentro uma garrafa térmica, um cinto-pochete e um cartão:
“Feliz aniversário, Harry. Essa garrafa tem um feitiço bem útil. Além de melhorar a conservação da temperatura, ela rejeita qualquer substância nociva que alguém tente colocar nela. O cinto, além de ter o compartimento para ela, também serve para guardar...ooops! Já estou falando demais. Um abraço do seu amigo”

Rony Weasley

Quanto a Rony, nem se fala. A amizade iniciada a bordo do Expresso de Hogwarts no primeiro ano sempre resistira a tudo, mesmo ao pequeno estremecimento que houvera no quarto ano, devido ao Torneio Tribruxo.
_“Acho que terei mais surpresas nesta noite” _ pensou Harry, segundos antes de mais uma coruja adentrar seu quarto, com um grande pacote, mandado por Fred e Jorge Weasley, os gêmeos especialistas em todo tipo de traquinagem. “Será que é mais alguma das Gemialidades Weasley?”, pensou Harry começando a abrir o pacote e sufocando um grito de surpresa. Dentro do embrulho havia um discman e vários CDs, acompanhados de um cartão dos irmãos:
“Caro Harry, nosso financiador. Finalmente podemos presenteá-lo como se deve. Este aparelho foi adquirido em uma loja trouxa de um dos melhores shopping centers de Londres. Hermione nos assessorou na compra. Há alguns feitiços de nossa autoria e de Papai: A proteção antichoque foi melhorada, para que o CD não pule com impacto algum. Ele não entra em pane em lugares mágicos, portanto você pode leva-lo para Hogwarts, Beco Diagonal ou mesmo no Ministério da Magia. Com isso ele também capta o sinal da Rede Radiofônica dos Bruxos. Junto vão alguns CDs de grupos trouxas e também alguns das Esquisitonas e do Pena de Fênix (eles descobriram que dá uma boa grana extra lançar músicas no mercado trouxa). Não se preocupe com as baterias, pois elas nunca se descarregam. Feliz aniversário”.

Fred e Jorge Weasley

Colocou o CD das Esquisitonas e ouviu a música que havia dançado com Parvati Patil no Baile de Inverno, no quarto ano (“Preciso me desculpar, ainda que com atraso, por ter sido grosseiro com ela”).
Mais uma coruja chegou, dessa vez com um presente de Hermione. Ao rasgar o papel, encontrou duas caixas retangulares, com uma figura que lembrava uma letra”O” achatada. Em uma estava escrito “Minute” e na outra “A-Wire”. Abrindo as caixas, não pode deixar de dizer baixinho: “Uau, Mione”. Em uma delas encontrou um par de óculos de sol esportivos, com armação vermelha, lentes espelhadas douradas e borrachas negras nas hastes, além do mesmo símbolo da caixa, também em preto. O outro par era com armação em metal prateado, com lentes espelhadas azuis. Na ponte de ambos, a palavra “OAKLEY” era visível. No cartão, lia-se:
“Harry, meus parabéns pelos seus dezesseis anos. Notei que, por você ter olhos claros é mais sensível à luz do sol. Por isso estou lhe mandando esses dois, com lentes no seu grau. Essa marca é conhecida por fabricar excelentes óculos de performance para atletas e incluí um modelo esporte, mas menos radical, o A-Wire azul.Colocamos neles, eu e o Sr.Weasley, um feitiço Impervius permanens, para eles repelirem água e poeira. Quanto à resistência das lentes, quase não foi preciso, porque os testes na fábrica são feitos com disparos de armas de fogo calibre .22.Vai ficar com um visual de estilo. Breve vamos nos reencontrar. Tudo de bom.”

Hermione

“O pessoal caprichou este ano”, pensou Harry. “Qual será a próxima surpresa?” Não precisou esperar muito. Duas corujas de Hogwarts chegaram, trazendo a lista de material para o sexto ano, um conjunto de toalhas de fitness com o brasão da Grifinória (“Valeu, Hagrid”) e alguns pares de meias sem cano, obviamente presenteadas por seu amigo Dobby, o elfo doméstico, com um feitiço para não reter transpiração, ficando sempre secas e sem odores. Da parte de Olho-Tonto Moody, chegou uma bainha de saque rápido para a varinha, que se colocava no antebraço e ficava invisível.Gui havia mandado um abrigo de verão e Carlinhos um abrigo de inverno. Por fim, chegou uma coruja de Tonks e Lupin “Ninguém me tira da cabeça que os dois estão morando juntos. Formam um belo casal”, pensou Harry, ficando quase sem fôlego ao ver o conteúdo da caixa, onde havia um par de tênis Nike Vitesse, o top de linha para corrida, acompanhado de um cartão:
“Harry, tenho certeza de que vai precisar de tênis novos e estes são muito bons, segundo a opinião de Tonks, que aderiu às corridas de distância e está em excelente forma, fazendo o mesmo trajeto que você e Duda, pelas manhãs e cuidando de outras missões à tarde. O feitiço que lançamos não vai aumentar sua performance na corrida, mas vai diminuir o desgaste do solado, aumentando a vida útil dos tênis. Feliz aniversário”.

Tonks e Lupin

“Então Tonks anda correndo conosco, disfarçada. Bom saber”.
Guardou os presentes no malão, com o resto de suas coisas e pensou: “Ainda bem que os Dursley estão viajando e só voltam amanhã. Por mais que estejam em paz com os bruxos, com certeza não iriam gostar de um bando de corujas em casa.” Em seguida, pegou um livro que Hermione lhe havia emprestado, em sânscrito, o antigo idioma que se falava na Índia e do qual se originaram as línguas européias. Ela emprestou o livro, porque estudariam antigos feitiços hindus no ano seguinte e o conhecimento do sânscrito seria importante.
Fazendo a tradução através de um dicionário sânscrito-inglês, Harry começou a ler os textos, vendo que grande parte deles era sob forma de mantras, que eram potencializados por sua repetição. Um capítulo em especial dizia:
“Infelizmente, muitos feitiços, principalmente os que combatem as Artes das Trevas, perderam-se no tempo. Mas um deles, denominado ‘Olho de Shiva’, sobreviveu. Se o seu mantra for repetido com a concentração necessária, cria uma barreira de defesa, um escudo capaz de defletir feitiços das trevas e, se o bruxo for mesmo poderoso, até mesmo contra-atacar a maldição Avada Kedavra”.
Harry pensou: “Será que é mesmo verdade? Todos sabem que a Avada Kedavra não tem defesa.Vamos ver como é esse mantra”.
Prosseguindo na leitura, Harry procurou pela fórmula do feitiço, mas quando chegou à página, viu que ela havia sido...
_“Arrancada? Não pode ser. Como é que Madame Pince não percebeu isso, justo ela que é tão detalhista com os livros da biblioteca de Hogwarts? Mas justamente a fórmula... acho que não pode ser apenas coincidência. Onde poderia ter ido parar a página”?
Folheando o livro, viu que havia um pequeno relevo no forro interno de uma das capas, como se alguém tivesse colado algo nela.
_“Mas será que... não; seria tão óbvio que ninguém pensaria... mas, por outro lado, é extremamente engenhoso, ocultar em um lugar tão bobo, que ninguém procuraria”.
E pegando um pequeno punhal que usava para abrir cartas, Harry foi descolando o forro da capa (“Madame Pince vai me pendurar pelas orelhas”) até que...
_“É mesmo! Há um papel escondido aqui. Vamos ver o que diz”.
Tirou o papel de seu esconderijo e viu que, realmente, tratava-se da página rasgada do livro. Desdobrou-a e leu a fórmula do mantra , experimentando sua sonoridade. Nesse momento, sentiu uma intensa fisgada de dor em sua cicatriz e ouviu uma voz sibilante vinda da rua, que cantava, em tom sarcástico:
_”Parabéns pra você, nesta data querida, hoje é o fim do Harry, nem mais um dia de vida”.
Harry correu para a janela e viu alguém que preferia não ver, nem mesmo em pesadelos: alto, vestindo uma capa preta, com aquela cabeça calva, branco como uma caveira deixada ao sol, a face viperina com aquelas narinas em fenda, os olhos vermelhos e as pupilas verticais, as mãos que saíam das mangas de suas vestes eram pálidas e com os dedos longos e ossudos, em plena Rua dos Alfeneiros encontrava-se o maior inimigo de Harry, Lord Voldemort.
_O que você faz aqui, Voldemort?
_Que grosseria, Harry Potter. Vim lhe trazer o seu presente de aniversário: uma morte lenta e dolorosa.
_Você não pode entrar nesta casa. Sabe muito bem que ela é protegida contra você. Senão você já teria ameaçado a mim e aos Dursley.
_Garoto tolo. Caso não tenha percebido, eu estou na rua, esperando por você.
_E o que faz você pensar que vou sair daqui, em vez de avisar ao Ministério ? Daqui a pouco haverá uma dezena de aurores aqui para pegá-lo.
_Eu tenho um pequeno incentivo para que você desça, quer ver?
E apontando a varinha para um poste, disse; “Lumus”! Um facho de luz projetou-se dela e iluminou três pessoas amarradas a ele: Os Dursley.
_Eu os peguei na volta do passeio deles e, gentilmente, os chamei para nossa festinha.
Não estavam estuporados. Conscientes e apavorados, Tio Valter, Tia Petúnia e Duda olhavam para aquela aparição do Inferno que os ameaçava.
_ “Maldito”! _ pensou Harry _ “Dane-se a restrição à prática de magia por menores”! Agarrou sua varinha e desceu as escadas em disparada, saindo pela porta da frente e parando defronte àquele ser que o próprio Diabo não quis perto de si.
_Que bom, Harry, que você teve a gentileza de atender ao meu convite tão gentil.
_Chega de ironias Voldemort, _ disse Harry _ Isso termina aqui e agora. Você não tinha o direito de envolver os Dursley nisso, principalmente agora, que eles estão começando a aceitar melhor a convivência com os bruxos.
_Pensei que você ficaria agradecido se eu o livrasse desses trouxas, mas me enganei. Bom, não faz diferença. Vão todos morrer de qualquer forma.
Harry sacou a varinha e disse: _ “Não se depender de mim, Voldemort”, _ pondo-se em posição de duelo, apontando a varinha para o rosto de Voldemort e gritando: “Lumus máxima”, disparando um raio luminoso que ofuscou seu inimigo e lhe permitiu aproximar-se do poste onde os Dursley estavam amarrados. Disse: “Diffindo” e as cordas que os prendiam foram cortadas.
_Rápido, corram para dentro! Voldemort não pode pegá-los dentro de casa! Os tios e o primo entraram em casa, mas antes Tia Petúnia perguntou: “Mas e você?”
_Eu me viro com ele. Corram!
Voldemort recuperou a visão e disse: “Muito esperto, Harry. Diminuiu sua desvantagem.”
Tentando, além de usar a magia, irritar Voldemort para que ele cometesse algum erro, Harry resolveu lançar mão de guerra psicológica, tratando-o do mesmo modo como Dumbledore o faria:
_E então, Tom...parece que agora somos só nós.
_Pirralho insolente. Como se atreve a dirigir-se a mim dessa maneira? Vou mata-lo de uma forma ainda mais dolorosa. Você vai implorar para que eu lhe lance a Avada Kedavra!
Vendo que estava no caminho certo, Harry disse: Você está muito mal-humorado. “Rictusempra”! O raio pegou Voldemort distraído e ele começou a rir incontrolavelmente, mas não sem conseguir lançar seu feitiço: “Estupefaça”! Um flash de luz vermelha cruzou o ar em direção a Harry que, com os reflexos adquiridos no Quadribol e na corrida, defendeu-se imediatamente: “Protego”! O feitiço Escudo atenuou o estuporamento. Mas Harry sentiu como se fosse atingido por um saco de areia.
_Acho que estamos em um bom nível, Tom. Você é um adversário admirável _ disse Harry. Mas eu também aprendi algumas coisas.
Voldemort fez um gesto que pôs Harry em alerta. Foi o mesmo que precedeu um feitiço letal que um Death Eater havia lançado em Hermione, algumas semanas antes. Imediatamente Harry apontou a varinha para Voldemort e gritou: “Silencio”! O bruxo lançou seu feitiço sem som, o que o tornou mais fraco e Harry novamente protegeu-se com um feitiço Escudo, que reduziu a potência, impedindo que ele fosse cortado ao meio.
Harry procurava manter-se sempre em movimento, a fim de não oferecer um alvo fácil para Voldemort, mas o bruxo das Trevas começava a ficar farto daquilo e disse:
_Harry, acho que vou reconsiderar minha intenção de mata-lo lentamente. Prepare-se para encontrar seus pais e seu padrinho. Nem tente forçar um Priori incantatem, pois não estou usando a minha própria varinha. Adeus, Harry Potter. O seu fim chegou. AVADA KEDAVRA!
Para Harry, os instantes seguintes pareceram se passar em câmera lenta. Viu um raio de luz verde vindo em sua direção e, em seguida, sentiu não estar mais no mesmo lugar. Tomando consciência de que não estava morto, percebeu que havia se deslocado alguns metros para o lado, escapando da maldição. Sem ao menos ter tido uma aula sequer, instintivamente havia desaparatado para fora do raio de ação daquela luz mortal.
Quando Voldemort percebeu o que havia acontecido, preparou-se para repetir a maldição e liquidar Harry, diante dos olhos apavorados dos Dursley, que espiavam da janela do quarto.
Mas, naquele instante, com uma convicção que desconhecia possuir, Harry disse a Voldemort: “Eu falei que isso terminaria aqui e agora”! E, sem pensar, começou a entoar o mantra que havia lido naquela página arrancada do livro em sânscrito. Imediatamente, uma tênue luz começou a envolver seu corpo, ficando cada vez mais intensa, até tornar-se uma aura do mais puro dourado, concentrando-se mais na mão da varinha, que Harry mantinha apontada para Voldemort, Quando ele apontou a varinha para Harry e gritou novamente: AVADA KEDAVRA, Harry gritou o final do mantra e moveu sua varinha, disparando um raio dourado que, ao encontrar o raio verde da maldição imperdoável, gerou uma explosão ensurdecedora, com um brilho de um branco imaculado e ofuscante, que fez Harry voar cerca de três metros e cair no chão, ainda a tempo de ver Voldemort ser projetado pelos ares e sumir de vista.
Naquele exato instante, Harry Potter despertou em sua cama, com os olhos arregalados e o corpo banhado em suor.